A década de 90 não foi
fácil para ninguém quando o assunto se trata de Heavy Metal. Após o
Grunge, o estilo não era dos mais populares em matéria de vendagens e
muitos grandes nomes do estilo fizeram mudanças na sonoridade para se
adaptarem à realidade e se manterem vivos. Ao mesmo tempo, muitas das
que não se adaptaram acabaram encontrando seu fim. Dentro de tal
realidade pavorosa, o Running Wild pode ser considerado um ponto fora da
curva.
Em momento algum o
quarteto comandado por Rolf Kasparek se dobrou à pressão externa e
continuou praticando sua sonoridade tradicional, álbum após álbum,
sempre com ótimos resultados e fazendo a alegria de seus fãs. Por mais
que posteriormente as coisas tenham se estagnado um pouco e a qualidade
dos trabalhos tenha tido um decréscimo, em “Masquerade” podemos
encontrar a banda ainda em seu auge (ou ao menos chegando a seu final).
A primeira coisa que
chama a atenção é que, pela primeira vez desde “Branded and Exiled”
(1985) e “Under Jolly Roger” (1987), o Running Wild conseguiu fazer dois
trabalhos seguidos com a mesma formação (descontando aqui o álbum de
regravações “The First Years of Piracy”), ou seja, com Rolf
(vocal/guitarra), Thilo Hermann (guitarra), Thomas “Bodo” Smuszynski
(baixo) e Jörg Michael (bateria). Essa formação ainda emplacou um
terceiro álbum (“The Rivalry” [1998]), um recorde em se tratando do
conjunto alemão, já que a rotatividade de músicos sempre foi alta. O
segundo fator a despertar a atenção é que buscaram em trabalhos passados
a inspiração para o que escutamos aqui.
Alguns podem entender
isso como estagnação. Eu entendo como respeito ao fã. Escutar
“Masquerade” é fazer uma verdadeira viagem pela carreira dos piratas
alemães, é se deparar com o clima épico de “Death Or Glory” (1989), com
os riffs mais agressivos de “Under Jolly Roger”, com as melodias de
“Port Royal” (1988) ou com canções que poderiam ter entrado sem problema
algum nos três trabalhos que o antecederam, “Blazon Stone” (1991),
“Pile of Skulls” (1992) e “Black Hand Inn” (1994). Mas se pensarmos que
entre 1984 e 1995, lançaram praticamente um álbum por ano, em um ritmo
frenético de produção, tal pegada pode ser explicada.
Chama a atenção aqui o
peso imprimido nas gravações. Talvez tenhamos algumas das faixas mais
pesadas da carreira do Running Wild, como a enérgica e quase Speed
“Masquerade” e “Demonized”, com sua pegada mais Metal tradicional.
Aliás, vale destacar o trabalho da dupla formada por Rolf e Thilo
Hermann, que em diversos momentos deixa bem explícita a influência de
nomes como Iron Maiden e Thin Lizzy nas estruturas melódicas das
canções. Vide por exemplo, a enérgica e épica “Lions of The Sea” ou
“Rebel At Heart”, com um ótimo riff e que é dessas canções para se
cantar junto, caso também de “Metalhead”. Já músicas como “Men In Black”
e “Underworld” têm uma pegada bem Power e poderiam estar em álbuns como
“Blazon Stone” e “Pile of Skulls”.
A produção foi feita pelo
próprio Rolf, tendo a mixagem ficado a cargo de Gerhard Woelfe
(Coroner, Paradise Lost, Pink Cream 69), sendo uma das melhores do
Running Wild até então. Já a capa, seguindo a tradição dos trabalhos
anteriores, foi feita pelo grande Andreas Marschall (Blind Guardian,
Grave Digger, Hammerfall, In Flames, Kreator, Obituary, Rage, Sodom) e
se destaca.
Mantendo a qualidade dos
álbuns anteriores, temos aqui velocidade, agressividade e melodias, ou
seja, tudo que se espera de um álbum do Running Wild. Um álbum de Heavy
Metal, como todos deveriam ser
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