A partir do que eu posso observar, o
Virgin Steele, originário de New York, é uma banda detentora de grande
prestígio, com uma legião fiel de seguidores, mas que não obteve ainda,
no Brasil, todo o alcance que poderia ter, apesar de fazer um estilo bem
aproximado de uma das paixões nacionais, que é o Power Metal melódico.
Um pouco mais cru e direto no começo da carreira; mais elaborado e
orquestrado em anos mais recentes.
“Noble Savage”, o terceiro trabalho em
sua discografia, encontra-se dentro dessa primeira fase e pode ser
considerado um clássico da banda e do estilo como um todo. Aqui,
encontraremos o Virgin Steele em sua fase mais, digamos, pura. Trata-se
de um Metal épico na linha do que era feito na América do começo dos
anos 80, sem aqueles exageros que depois viriam a contaminar todo o
cenário, além do próprio Virgin Steele. Uma mescla de canções
naturalmente metálicas com outras de forte tendência para o Hard Rock.
Ambas as facetas estão bem caracterizadas
ao longo do disco, mas de fato, quando eles investem no Hard Rock, o
fazem sem qualquer pudor ou restrição. Vão bem fundo nessa pegada, que
podemos observar escancaradamente em faixas como “The Evil In Her Eyes” e
“Rock Me”. Também vale incluir aqui a radiofônica balada “Don´t Close
Your Eyes” que é bem suave a agradável.
No lado Metal, a banda estava sintonizada
com o que faziam suas conterrâneas Armored Saint, Omen e Manilla Road,
naquele mesmo ano de 1985. Com exceção da rapidez da ótima faixa “Fight
Tooth and Nail”, as demais canções são marcadas pelo andamento forte e
cadenciado, numa linha rítmica que bebe bastante do estilo do Judas
Priest e que gera faixas emblemáticas como “I´m On Fire”, a abertura “We
Rule the Night”, a clássica “Noble Savage”, e as levadas absolutamente
épicas de “Thy Kingdom Come” e “The Angel of Light”.
David DeFeis sempre demonstrou ter uma
visão precisa do que quer e assumiu a produção do álbum. Ele tem sido o
rosto e alma da banda por todos esses anos, tão vinculada está a sua
personalidade ao grupo quanto seria se se tratasse de um projeto solo.
Escudado pelo companheiro Edward Pursino, que tem sido o único outro
membro constante na formação desde a concepção desse álbum, quando
chegou para substituir o guitarrista original, Jack Starr, o vocalista
segue liderando o Virgin Steele. A parceria entre os dois é do tipo que
nos permite aferir que o Virgin Steele, na verdade, funciona como uma
dupla, em torno da qual os demais músicos seguem as diretrizes
superiores. A banda não se abstém de, cada vez mais, aprofundar-se nas
culturas clássicas e convertê-las na forma da melhor música, acertando e
errando, mantendo uma linha de composição, mas sem se tornar escravo de
sua própria obra, permitindo-se criar variações em torno da mesma. Sob
esse ponto de vista, o status de banda cult passa a ter uma perspectiva
ainda mais elevada e do qual DeFeis e sua trupe são merecedores
incontestáveis.
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